A Curadora
Acordei. E é deitado no escuro, e
com o notebook apoiado sobre o abdômen (que não é um tanquinho, tampouco uma Brastemp)
que começo a escrever meu post (ou declaração de amor) para o Dia dos
Namorados.
Eu já tive muitas paixões e
amores, muitos mesmo. Mais até do que Vinícius de Moraes, porque ao contrário
dele, me dei ao luxo (ou a luxúria) de ser cachorro, sem vergonha, galinha e o
pior, canalha com algumas delas. Não pensem que estou me vangloriando, mas
agradeço a cada uma delas ter entrado na minha vida e me aturado com tantas
ranhuras na tintura do meu comportamento e da minha moral (ou falta dela), isso
soa bem pior, mas é a mais pura verdade e hoje, para um ex-mentiroso, a verdade
me cai tão bem e tão libertadora a ponto de deixar meu mundo sempre mais iluminado.
Falo com experiência de quem viveu boa parte da vida mergulhado em mentiras e claro,
aprendi a mentir. Mas a melhor parte, é
que também aprendi a desmentir pra me libertar, crescer, me tornar homem, Pai de
uma menina linda e seguir em frente. Calma, não é desabafo de quem vai morrer
daqui a pouco, pelo menos acho que não será hoje.
Mesmo que tudo tenha desandado
nos relacionamentos anteriores e que merecidamente tenha levando “muitos pés na
bunda” e injustamente tenha dado alguns, só tenho a agradecer a todos meus
amores, paixões, flertes e... -Ah, esquece! Na minha época não falávamos peguetes,
ficantes e afins -...continuando, todas as pessoas maravilhosas que passaram
pela minha vida, fizeram parte dela e ajudaram a construir o caráter do Homem
que me tornei.
Fui barro, sujo, pobre, mas
extremamente maleável quando umedecido na medida certa. E nas mãos dessas hábeis
Artesãs meu caráter foi umedecido e pacientemente moldado para aquela que seria
a Curadora da obra criada por elas. Essa Curadora cuida de mim e mantém meu
caráter polido, limpa minha poeira, restaura diariamente ranhuras e marcas do
tempo e me mantém refrigerado ou aquecido conforme meu coração necessitar.
Aos olhos dela, não tenho preço.
Sempre me olha como se fosse a primeira vez, isso mantém minha tinta sempre brilhante, e a aquarela da
minha alma se expande em milhões, trilhões, infinitas cores... Ah se vocês
pudessem ver...
A Curadora, não é tão conhecida
como as Artesãs, pelo menos não agora, não estando no ingrato, empoeirado e
escuro museu que labuta há anos, museu que ficará no passado, um passado que
jamais tocará sua alma novamente, pois hoje, o molde que outrora era barro
ganhou vida, e enxergou na Curadora uma bela Obra de Arte e dela será
igualmente Curador, numa nova galeria cheia de luz.


você tem ritimo cara, muito bom, bom romance aê Dami!
ResponderExcluirObrigado, fico feliz que tenha gostado.
Excluir