Os Smurfs do Cotidiano


Pessoal.



Quem assistia os desenhos animados da década de 80, certamente se lembra dos Smurfs. Pequeninas e simpáticas criaturinhas azuis, parecidas com Duendes, mas com orelhas arredondadas. Não fosse pelos acessórios que usavam e algumas características muito peculiares, diríamos que eram todos iguais, até porque a maioria era do sexo masculino, exceto pelas únicas meninas no grupo, a graciosa Smurfette e a desajeitada Sassete. Sua pequena vila ficava no meio da floresta, onde viviam muito felizes. Pois bem, não pensem que esses seres ficaram perdidos lá nos anos 80 ou nas fábulas, eles estão entre nós.

Não sou mais um "Cara da Night", como costumam dizer, embora isso pareça um tanto antiquado para uma pessoa da minha idade. Ainda assim, venho reparando durante as raras vezes que saio à noite, que o ditado popular –"A Noite, todos os gatos são pardos" – pra mim hoje, faz muito mais sentido. E por quê? Por conta dos padrões. Vejo cada vez mais, pessoas padronizadas. Smurfettes e Sassetes com cabelos, maquiagem, roupas, acessórios, e uma série de tantos outros artifícios noturnos muito iguais. Rapazes com seus cortes de cabelo padronizados (o barrete branco) físico, roupas e assim, como as meninas, uma gama imensa de artifícios noturnos. Na minha humilde opinião, não se trata de modismo, se trata de padronizar. Diante dessa imensa "Vila dos Smurfs" o que vejo, são poucas pessoas ousarem a sair desse quadrado onde todos são azuis. Azuis de Inveja – "Olha o vestido dela, preciso ter um igual" – Azuis de Bêbados –"Segura aí que vou vomitar" - Azuis de carência –"Ah amiga, vou ficar com ele, to sozinha mesmo" – Azuis de intolerância – " Coé meu irmão, tá maluco? Pisou no meu pé e acha que isso vai ficar assim?" – Azuis de ignorância, tão cegos a ponto de não enxergarem que tudo está tudo muito azul, e não é o azul bonitinho das fábulas de Pierre Culliford (Peyo), é um azul, que de tão padronizado, nos cega e nos mantém prisioneiros em uma vila, que não é construída com cogumelos e cercada pela floresta, mas uma vila construída sobre os alicerces da vaidade, não aquela vaidade saudável, mas a que cega, tal qual o azul impregnante desse oceano de "Smurfs do Cotidiano".

Convido-lhes a observar junto comigo, e claro, julgar o meu pensar. Convido-lhes a usar lentes especiais, mágicas e fabulosas, tais quais eu uso. Lentes que nos permitam enxergar os poucos "Smurfs do Cotidiano" que preservam suas peculiaridades tão valiosas. Aqueles que te recebem com um abraço sincero, que lhes convidam para um jantar em seus "cogumelos", que lhes enviam cartas (eu disse cartas, não e-mails), flores ou SMS fora de hora, não pra te convidar pra "Night", mas pra saber se você está bem, só isso. Gestos, que lhes fazem saltar de dentro desse quadrado de azul tenebroso, e ser simplesmente o que são, ainda que sejam azuis.

 


 

Comentários

  1. Excelente crítica , dami. É triste mais isso é a pura realidade com que vive uma grande parte da sociedade, cada dia mais querendo se igualar uns aos outros. Espero que um dia estes consigam enchegar o quão medíocre é viver neste mundo padronizado e tenha seus próprios gostos.

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  2. Dayanne...

    Fico muito feliz toda vez que vejo você contribuindo com seus comentários.

    Obrigado mais uma vez por sua visita.

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